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     História Operacional

    A actividade operacional no norte de Angola (ZMN), que pela natureza das acções do inimigo ( Movimentos de Libertação ), requeriam a constante  intervenção de tropas especiais, desenrolava-se em zonas que se situavam desde  Maquela do Zombo a norte e de Santa Cruz  a nordeste, até  à vila Caxito.

    Foi nesta zona militar que a 2042ª C.C. iniciou a sua actividade operacional no dia um de Junho de mil novecentos e setenta e três, na operação Bolada I/H. Saiu  de  manhã em  coluna auto  do  Grafanil,  em  direcção  às Povoações do Zala e do Toto, situadas nestas áreas de actividade da guerrilha.

 

 Zona Militar Norte

                                               Zona Militar Norte

                                                             

    No controlo militar de Sassa a norte da povoação do Caxito, um grupo de combate separou-se da companhia e dirigiu-se para o Zala, pela estrada (picada) de Nanbuangongo.

    A companhia, continuou a sua viagem até ao Toto, onde chegou no dia dois de Junho. Nesta unidade militar já se encontravam a 33ª e a 37ª C.C.

    Depois do breafing realizado na berliet de operações, entre o comandante da operação, o comandante da companhia e os comandantes de grupo, iniciou-se a preparação e saída dos grupos de combate, para a pequena base da força aérea situada a cerca de cinco quilómetros da sede do batalhão de infantaria do Toto. Permaneceram no acampamento, em apoio aos grupos em actividade operacional, o grupo de alerta e as duas equipas de defesa imediata.

    Desta base aérea, transportados em helicópteros Puma e Allouette III, quatro dos cinco grupos que viajaram para o Toto, foram largados na área e nas posições destinadas aos grupos da 2042ª C.C. no âmbito da operação Bolada I/H. As acções realizadas nesta operação, constituíram as primeiras em zonas declaradas de guerrilha.

    As posições de largada dos grupos, salvo as que correspondiam a golpes de mão sobre objectivos bem localizados, situavam-se normalmente muito longe do objectivo da operação. Na sua progressão e para evitar confrontos em desvantagem, a direcção do grupo de comandos era várias vezes alterada e a marcha várias vezes interrompida para acções de despiste, reconhecimento e emboscada. Sabia-se que muito dificilmente e por muito pouco tempo, os nossos inimigos perderiam a nossa posição, mesmo que o grupo se encontrasse completamente parado e escondido no matagal.
    Na mesma zona, outros grupos da 2042ª C.C. ou de outras companhias, desenvolviam as suas acções o que constituía uma vantagem em caso de necessidade mas também um risco em caso de aproximação involuntária.
    Depois de concluídas as operações com a duração de três noites, os grupos lançados do Toto e do Zala, foram recolhidos por helicópteros para o aquartelamento do Toto. Concluída a operação Bolada I/H, com duas ou três acções por grupo, a companhia regressou a Luanda, em meios auto, no dia dezanove de Junho de mil novecentos e setenta e três, sem baixas e com algum material capturado ao inimigo: uma pistola-metralhadora STEN MKII e uma espingarda Mauser.
    A segunda saída da companhia para o norte de Angola e para as mesmas regiões do Zala e do Toto, deu-se no dia nove de Julho de mil novecentos e setenta e três, para nessa região se juntar às 33ª e 37ª C.C. e realizarem a operação Bicada B/IH.
    Como na primeira operação também nesta um dos grupos da companhia separou-se no controlo militar de Sassa dirigindo-se para o Zala, pela estrada (picada) de Nanbuangongo. A companhia chegou ao Toto na manhã do dia dez de Julho, iniciando-se de acordo com o plano de acções, a largada dos grupos para as zonas de guerrilha no final da manhã.
    As acções da operação Bicada B/IH desenrolaram-se numa zona de importância estratégica para a FNLA designada por COBA (Comando Operacional Baseado em Angola). No cumprimento dos objectivos traçados a companhia sofreu as suas primeiras baixas. Um morto, em confronto directo com o inimigo e três feridos graves, por accionamento de minas anti-pessoal colocadas nas proximidades e nos trilhos de acesso aos acampamentos atacados pelas nossas forças.
    Alguns grupos foram recuperados para a base táctica da Cecília, acampamento de tropas comando e daqui seguiram em viaturas para o Toto.
    O regresso a Luanda deu-se no dia trinta e um de Julho, com as baixas referidas e com resultados favoráveis insignificantes (uma mina anti-pessoal e documentação vária).
    Nova saída a vinte e um de Agosto, para as mesmas zonas de guerrilha do norte de Angola, onde em acções combinadas com a 33ª e 37ª C.C. realizar a operação Lufada I/H. Com um grupo de férias, a companhia deslocou-se como das outras saídas, em viaturas auto para a povoação e aquartelamento do Zala, para daí serem largados no dia vinte e dois de Agosto nas zonas de guerrilha pertencentes ao mesmo perímetro de actuação das operações realizadas anteriormente. Das várias acções realizadas, entre o dia vinte e dois de Agosto e o dia dez de Setembro, não se registaram baixas e foi apreendida uma granada de morteiro 81.

    Terminada a operação Lufada I/H, a viagem de regresso a Luanda em meios auto iniciou-se na manhã de dez de Setembro tendo a companhia chegado ao Grafanil já de noite. Com a operação Lufada I/H terminou o tempo de intervenções da 2042ª C.C. na ZMN.

   

    Cada uma das operações realizadas no norte de Angola teve a duração de vinte dias, doze dos quais foram passados em zonas de combate, em acções de anti-guerrilha cujo objectivo principal era a eliminação física do inimigo e o enfraquecimento ou eliminação das suas estruturas de apoio.

    A responsabilidade e coordenação das várias acções realizadas nestas três operações pertenceram ao centro ou sala de operações, instalada numa viatura berliet, equipada para funcionar como tal. Nesta sala de operações, onde trabalhavam elementos das companhias envolvidas, todos os pormenores dos objectivos a atingir estavam registados, em mapas geográficos e de acordo com dados conhecidos. A actualização dos registos era imediata face às informações recebidas dos grupos, via rádio, desde a indicação das suas posições, dos contactos registados, dos objectivos cumpridos, das movimentações do inimigo, dos resultados obtidos, etc. Os oficiais de operações decidiam, face às informações recebidas dos vários organismos militares e da situação no terreno transmitida pelos grupos em acções, pela manutenção ou alteração dos objectivos traçados.

   A companhia deslocou-se depois de alguns dias de descanso operacional

para a Zona Militar Leste (ZML).

   Na zona Leste de Angola, zona de actividade do MPLA e da UNITA, apenas o MPLA constituía a força inimiga a considerar e a combater já que a UNITA se encontrava nesta altura, numa situação estratégica de actividade nula contra as tropas portuguesas.

 

    A FNLA mantinha, a norte desta zona, um discreto corredor de abastecimento. 

   

Com destino à cidade do Luso, capital da província do Moxico, os operacionais da companhia, carregando todo o seu equipamento individual de combate saíram de Luanda, via aérea (aviões Nord-Atlas), no dia vinte de Setembro de milnovecentos e setenta e três. Depois de uma viagem de cerca de duas horas, desembarcaram no aeroporto do Luso onde os esperavam as viaturas, que tinhamseguido dias antes e que os conduziram para o quartel dos comandos naquela cidade. Moxico

              

 Nesta unidade operacional situada a nordeste da cidade, próximo do aeroporto, encontrava-se a 2041ª C.C. que seria rendida na ZML pela 2042ª C.C. depois de realizada uma operação conjunta.

    No dia vinte e nove de Setembro a companhia saiu do Luso em coluna militar com destino a Ninda, povoação situada a cerca de quinhentos quilómetros do Luso e a sul de Gago Coutinho para em conjunto com a 2041ª C.C. realizar a operação Coimbra 300 E/H.

                                                                                   

    A 2041ª C.C. assim como a esquadrilha de helicópteros da Força Aérea Portuguesa, estavam já nas zonas de intervenção desta operação. Uma breve paragem em Gago Coutinho, para reabastecimento e de novo em marcha em direcção a Ninda, aquartelamento de infantaria a partir do qual os militares da 2041ª e da 2042ª, foram lançadas por meios héli nas zonas de guerrilha.

    A partir de Nhengo, povoação a poucos quilómetros a sul de Gago Coutinho no caminho para Ninda, um grupo foi lançado de helicóptero, para uma acção de apoio a forças da 2041ª C.C. cuja missão era atacar um acampamento militar, onde estaria um grupo de guerrilheiros equipados com armas ligeiras e um canhão sem recuo de 75mm. A companhia continuou a viagem, agora por picada até Ninda, onde chegou ao princípio da noite. Ao longo da pequena pista de aviação onde se encontravam estacionados os meios aéreos de transporte e apoio, dois apoio, dois aviões de combate T6 e sete Allouetts III  da FAP, foram montadas as tendas de campanha para abrigar os militares operacionais e da formação.

 

T6
Allouette III

 

    Os grupos da 2041ª e da 2042ª C.C. iniciaram as acções da operação Coimbra 300 E/H, a partir de Ninda, no dia trinta de Setembro de mil novecentos e setenta e três, desenvolvendo acções junto à fronteira com a Zâmbia e a sul de Ninda.

    Permaneceram no acampamento, em apoio aos grupos em actividade operacional, o grupo de alerta e as duas equipas de defesa imediata.

    Nem os grupos da 2041ª nem os da 2042ª C.C. envolvidos nesta operação, tiveram contactos de relevo com o inimigo. No entanto e num golpe de mão bem sucedido, um dos grupos da companhia lançado sobre local de actividade inimiga, detectado pela esquadrilha de helicópteros da Força Aérea Sul Africana, no regresso de uma viagem de largada, capturou sem resistência uma série de armamento entre os quais o já referido canhão sem recuo de 75mm.

    O regresso ao Luso em meios auto deu-se no dia dezoito de Outubro, com um ferido ligeiro e com material capturado: uma espingarda automática PPSH, quatro morteiros 82, um canhão sem recuo de 75mm, uma granada de mão, carregadores e munições.

    Já no Luso, a companhia recolheu ao quartel, onde se instalou e se preparou para novas intervenções.

    Esta primeira operação realizada no leste de Angola concedeu-nos outro tipo de experiência. As acções de contra-guerrilha teriam aqui que ser feitas de forma um pouco diferente das que tínhamos realizado na ZMN.

    O terreno quase sempre plano, com poucos desníveis mesmo na proximidade de linhas de água, proporcionava andamentos mais fáceis e rápidos mesmo fora dos grandes espaços abertos conhecidos como “chanas”. Para quem tinha estado no norte, a caminhar com dificuldade nas densas matas que ora se desenvolviam em vales profundos ora em montanhas íngremes, matas tropicais cheias de arbustos fechados, de lianas que se prendiam ao equipamento, de humidade e calor, este tipo de terreno apresentava-se bem mais agradável.

     As formações de combate, em linha, em cunha, em L ou em U, que este tipo de terreno permitia, proporcionavam na marcha para os objectivos ou no assalto a estes, maior poder de fogo contra o inimigo. Todavia e ao contrário do norte, esta zona leste de Angola, fria durante a noite e madrugada e muito quente durante o dia, obrigava a um controlo apertado sobre o consumo de água.

      

    Na noite do dia dezanove de Outubro de mil novecentos e setenta e três, iria iniciar-se uma operação bem diferente de outras já realizadas e que por isso foi sempre omitida nos registos históricos da companhia. Escrever sobre ela será a seu tempo, mas agora aqui fica a referência a essa acção realizada por operacionais da 2042ª C.C. Nesta altura e como atrás se referiu a UNITA vivia acantonada, numa estratégia de não agressão contra o Exército Português.

    

    Numa acção de socorro a um grupo de flechas que teriam sofrido uma emboscada, um grupo da companhia foi lançado de helicóptero na região do Léua no dia dezanove de Outubro. Regressou no dia seguinte com um ferido acidentado.

  

    Depois da saída da 2041ªC.C. para a ZMN e concluída a instalação da companhia no quartel, deu-se uma nova saída na manhã do dia um de Novembro para a região do Lutembo.

    Todos os grupos excepto o grupo de alerta e as equipas de defesa imediata, foram lançados de helicópteros nos dias um e dois de Novembro naquela região, a norte do rio Lungué-Bungo, para realizar a operação Martelada E/H.

    Sem contactos com o inimigo a companhia regressou ao Luso, no dia seis de Novembro.

 

    Os dias de descanso operacional passados no Luso, começavam sempre com a cerimónia da Bandeira. Por vezes, para manter a forma fisica, a companhia realizava crosses até ao rio Luena que passava a sul da cidade. O treino de tiro quase diário era igualmente realizado nessa zona da cidade, numa carreira de tiro aí existente. Numa dessas sessões de tiro o comandante da companhia, capitão Cunha Lopes foi ferido na mão direita. Foi transportado ao Hospital Militar do Luso onde ficou internado.

    O conhecimento da existência de um grupo numeroso de guerrilheiros do MPLA, que se movimentavam nas zonas do Luvuei, Lutembo e Gago Coutinho, desencadeou a operação Barbado E/H, sob o comando do capitão Ovídio Rodrigues, do CIC, que se deslocou por via aérea e se juntou à 2042ª C.C. em Gago Coutinho.        

    Os primeiros quatro grupos a serem lançados no terreno, saíram do Luso na manhã do dia catorze de Novembro em viaturas auto para Gago Coutinho onde chegaram de tarde. No dia quinze de Novembro foram lançados de acordo com o plano da operação, três grupos nas zonas previstas, tendo ficado no quartel de Gago Coutinho o grupo de alerta e as equipas de defesa imediata.

    Os outros dois grupos, o 1º e o 3º, saíram do Luso na manhã do dia quinze rumo a Gago Coutinho. Na estrada de asfalto que ligava o Luso a Gago Coutinho, próximo da povoação do Luvuei, um numeroso grupo de guerrilheiros do MPLA realizou uma das mais bem sucedidas emboscadas contra as nossas tropas, não só pelo número elevado de mortos e feridos que nos infligiu, mas também pelos estragos causados sobre o material. A posição mais que passiva do comandante da esquadrilha de helicópteros bem como a reacção estranha de um dos dois pilotos de T6 que levantaram do Luso, fez dos operacionais destes dois grupos combatentes heróicos. Contra um inimigo em muito maior número e detentor da surpresa, bem posicionado, com um potencial de fogo elevadíssimo e que dispôs sempre do controlo da situação, foram capazes de empreender a reacção à emboscada de modo a alterar os seus propósitos, repelindo-o ao fim de quase uma hora de combate. Quando o grupo de alerta e os operacionais pára-quedistas chegaram ao local em viaturas auto, já o inimigo tinha retirado com um morto confirmado e um elevado número de feridos. Os nossos cinco mortos e quinze feridos graves foram evacuados para Gago Coutinho e daqui para o Luso. Apesar da heróica reacção, teremos vivido o dia mais amargo de toda a história dos Comandos Portugueses. Esta emboscada, fez abortar a operação Barbado E/H, tendo os grupos que se encontravam no mato sido recuperados de imediato para Gago Coutinho. A companhia saiu nessa noite de Gago Coutinho, pernoitou na unidade militar do Luvuei e seguiu para o Luso no dia dezasseis de Outubro, com pesadas baixas e poucos resultados.

    Considerando as baixas sofridas nesta emboscada e a falta de comandante de companhia, alguns responsáveis militares colocaram a hipótese da sua dissolução e distribuição por outras companhias. A nomeação para comandante da companhia, do tenente comando Isaías Pires, no dia sete de Dezembro de mil novecentos e setenta e três, fez cair a ideia de dissolução.

 

    Com a chegada do novo comandante de companhia iniciou-se de imediato a preparação de uma operação de ataque ao acampamento da Cassanhinga, acampamento que gozava há algum tempo de alguma imunidade, e de onde teriam partido os guerrilheiros que emboscaram as nossas tropas no dia quinze de Novembro. A operação de ataque ao acampamento da Cassanhinga denominada operação Manobra E/H foi preparada no centro de operações da ZML e na sala de operações da companhia. Nesta foi definido e aferido o percurso, o número de efectivos a envolver, o armamento a usar e a táctica a seguir. A preparação desta operação foi mais pormenorizada pois conheciam-se os riscos que a envolviam.

    A companhia, reduzida a quatro grupos, saíu do Luso na manhã do dia dez, em meios auto até à povoação do Lucusse. No aquartelamento desta povoação ficou o grupo de alerta.

    Sempre em meios auto, os outros três grupos, largaram a estrada de asfalto e rumaram para leste, em direcção ao saliente do Cazombo.      

    Largados no ponto planeado os grupos progrediram até muito próximo da fronteira com a Zâmbia, viraram para sul e iniciaram o avanço para o acampamento da Cassanhinga. No terceiro dia cerca das dez horas e já nas imediações do acampamento, ouviu-se o sinal de presença de tropas na zona dado pelo inimigo (rebentamento de uma granada, seguida de uma rajada de metralhadora). A nossa presença estava detectada e a surpresa quebrada. Pouco tempo depois de se ter ouvido o alerta, e vinda do acampamento, surgiu na nossa direcção uma patrulha de reconhecimento, constituída por quatro homens que fomos obrigados a abater. A aproximação foi a partir daqui mais cuidadosa, mas sem hesitações. Rapidamente, numa clareira de uma das curvas do rio Lungué-Bungo surgiu o acampamento da Cassanhinga. Grande, pouco escondido pelo arvoredo, com as suas trincheiras e ninhos de metralhadoras,  mas silencioso.

    Uma pausa para analisar a situação, e estabelecer uma maior frente de ataque. Não se descortinando no nosso raio de visão, dentro e fora do acampamento, qualquer movimento por parte do inimigo, o comandante da companhia ordenou o ataque ao acampamento que foi assaltado, destruído e abandonado rapidamente, para evitar que uma qualquer acção do inimigo nos surpreendesse no campo aberto do acampamento.

    Os grupos saíram do acampamento para noroeste parando em posição de emboscada a pouco mais de um quilómetro, bem dentro da mata que o circundava e nas imediações de uma plantação de mandioca. Toda a zona em redor do acampamento  foi bombardeada com tiros de morteiro 81 e/ou 82mm, bombardeamento que o inimigo iniciou pouco tempo depois da sua destruição. Os grupos envolvidos, sempre juntos, pernoitaram na área do acampamento até ao dia seguinte, dia da recuperação. Na nossa posição foram largados os flechas do Lutembo. Os grupos foram transportados de helicóptero para o Lucusse e daqui seguiram de viatura para o Luso, onde chegaram ao entardecer do dia treze de Dezembro de mil novecentos e setenta e três, sem baixas e com resultados agradáveis: uma espingarda automática Kalashenikov, uma espingarda Mauser, um dispositivo com alça para lançamento, granadas, carregadores e munições, um acampamento importante destruído e quatro elementos abatidos.

    A recuperação moral da companhia tinha começado.

    Com a aproximação da época natalícia de mil novecentos e setenta e três, a companhia entrou em estado de alerta verificando-se apenas a saída e de um grupo, em escolta de uma alta patente do exército, entre o Luso e Dala na estrada para Henrique de Carvalho.

 

    No dia quatro de Janeiro de mil novecentos e setenta e quatro, a companhia saiu com quatro grupos de combate em aviões Nord-Atlas, para a povoação e unidade militar da Lumbala situada no saliente do Cazombo. Nesta região decorreu a operação Decameron E/H. 

                                                           

    Os grupos foram largados para as zonas de guerrilha no dia cinco de Janeiro de mil novecentos e setenta e quatro. Dos contactos registados nas duas ou três intervenções de cada grupo foram capturados dois elementos do MPLA, abatidos três e ferido um.

A companhia regressou por via aérea ao Luso, no dia vinte e quatro de Janeiro de mil novecentos e setenta e quatro, com um ferido vítima de mina anti-pessoal.

  

     As operações seguintes realizadas pela 2042ª C.C. atingiram alvos da UNITA que entretanto, início de mil novecentos e setenta e quatro, recomeçou a sua actividade bélica. Todas as operações realizadas nas zonas de actuação da UNITA, onze no total, foram denominadas por operações Rastilho, e envolveram todos os operacionais da companhia, de novo com seis grupos. Os dois grupos de combate que incluíam trinta e três comandos oriundos de Lamego, já estavam em actividade.

    Logo que este movimento de Libertação reiniciou a guerrilha, foi desencadeado um conjunto de operações combinadas e que envolveram desde a primeira hora tropas especiais comandos e pára-quedistas, apoiadas pela FAP. Também os flechas, tropas auxiliares, ex-membros dos movimentos e enquadradas pela DGS foram utilizados neste conjunto de acções.    

    Estas operações tinham, como as outras o objectivo de refrear, diminuir e anular as actividades agora recomeçadas, pela destruição dos acampamentos e pela desarticulação da estrutura militar do pequeno exército deste movimento.

 

    A primeira operação Rastilho, a operação Rastilho E/H foi realizada em articulação com os pára-quedistas na região do Munhango, localidade para onde a companhia se deslocou de comboio no dia um de Fevereiro de mil novecentos e setenta e quatro.

    No dia dois os grupos são lançados de helicóptero nas zonas de guerrilha, ficando apenas o grupo de alerta aquartelado na unidade militar da povoação do Munhango.

    No final do segundo dia um dos grupos avistou e atacou elementos da UNITA que na manhã do dia seguinte e quando o grupo se preparava para sair do local de pernoita, atacaram as nossas forças provocando um ferido. A reacção imediata a esta emboscada causou ao inimigo um morto e um capturado. Os outros grupos não registaram quaisquer contactos, mesmo no assalto e destruição dos vários acampamentos encontrados.

A companhia regressou ao Luso de comboio, no dia oito de Fevereiro.

 

    No dia treze de Fevereiro os grupos saíram do Luso de comboio para a zona de Cangonga, para realizarem a operação Rastilho 2E/H. Foram lançados por meios héli nas zonas de actividade da guerrilha, nesse mesmo dia. Um dos grupos seria lançado à vertical sobre o acampamento base da UNITA, acampamento onde se encontraria o seu líder, na margem esquerda do rio Lungué-Bungo. O lançamento sobre o acampamento foi abandonado face à reacção dos guerrilheiros que ali se encontravam, tendo o grupo de comandos sido largado no sopé da pequena montanha lançando daí o assalto ao acampamento, entretanto abandonado pelo inimigo. Era um acampamento grande, de configuração idêntica a tantos outros mas com uma particularidade, a de possuir uma pista de obstáculos para treino dos guerrilheiros.

    O acampamento foi destruído e os seus elementos perseguidos. De seguida foi iniciada a marcha em direcção a outros locais que de acordo com as indicações do nosso guia (um ex-UNITA), serviam de refúgio aos elementos deste acampamento em caso de ataque.

    No dia dezasseis de Fevereiro os grupos foram recolhidos de helicóptero para a Cangonga de onde seguiram de comboio para o Luso. Dos contactos com as forças inimigas, as nossas forças causaram ao inimigo quatro mortos, vários feridos e sofreram três feridos ligeiros. Foram destruídos vários acampamentos incluindo o do líder.

 

     A operação seguinte, operação Rastilho 3E/H foi feita também articulada com os pára-quedistas, na região da povoação de Cangumbe, localidade para onde a companhia se deslocou de comboio no dia vinte e dois de Fevereiro de mil novecentos e setenta e quatro. Os grupos foram largados de helicóptero nas zonas de guerrilha, ficando o grupo de alerta na unidade militar da povoação, uma companhia de infantaria.A companhia regressou ao Luso de comboio no dia vinte e cinco de Fevereiro tendo provocado ao inimigo uma série de feridos e destruídos dois acampamentos.

 

    No dia dez de Março os grupos da companhia foram largados directamente do Luso para as zonas de guerrilha da Cangonga para realizarem a operação Rastilho 4E/H cujo objectivo principal era o ataque e destruição do acampamento do secretário-geral do movimento.

    A aproximação e entrada neste acampamento deu-se ao princípio da manhã do dia onze de Março sem qualquer tipo de reacção do inimigo, tendo as nossas forças procedido à sua destruição. O inimigo tinha abandonado o acampamento e como previsto deslocou-se para oeste. Um grupo de população acompanhado por quatro guerrilheiros saídos do acampamento atacado, caiu na emboscada de um dos nossos grupos que se encontravam na zona.   

    Os grupos foram recuperados de helicóptero para a povoação de Cangonga no dia catorze de Março, sem baixas e com resultados satisfatórios: abatidos quatro guerrilheiros, e capturadas uma espingarda Mauser (nacional), uma pistola-metralhadora STEN MARKII, um carregador de pistola-metralhadora MP40, um carregador STEN MARKII e algumas munições). A viagem de regresso ao Luso foi feita de comboio.

    No dia cinco de Abril os grupos de combate foram de novo largados por meios héli, nas margens do rio Lungué-Bungo para realizarem a operação Rastilho 5E/H.

 

    Dos contactos tidos com o inimigo, as nossas tropas destruíram seis acampamentos, feriram um e capturaram oito elementos da UNITA. Os grupos foram recuperados de helicóptero para o Lungué-Bungo no dia nove de Abril sem baixas.

 

    A operação Rastilho 6E/H foi realizada na mesma zona e nos mesmos moldes da operação Rastilho 5E/H. A largada dos grupos nas zonas de guerrilha por meios héli, deu-se no dia dezassete de Abril a partir da povoação do Alto Cuíto para onde os grupos tinham sido transportados em aviões Dakota.

    Foram destruídos treze acampamentos, capturados nove e abatidos cinco elementos da UNITA.

       

    Na operação seguinte, operação Rastilho 7/EH, os grupos saíram do Luso de helicóptero para o Lungué-Bungo, de onde foram lançados no dia dezassete de Abril. Dos contactos tidos com o inimigo, as nossas tropas destruíram acampamentos e feriram um elemento da UNITA.

        

    A operação Rastilho 306/E foi realizada na zona de Cangumbe entre os dias vinte e quatro e vinte e nove de Abril sem que se tivesse verificado qualquer contacto com o inimigo.

 

    Os grupos foram recuperados de helicóptero para Cangumbe no dia 28 de Abril sem baixas. A viagem de regresso ao Luso foi feita nesse mesmo dia de comboio.

 

    A operação seguinte, operação Rastilho 8E/H foi realizada a sul do rio Lungué-Bungo. Os grupos foram lançados nas zonas de guerrilha por meios héli no dia quatro de Maio tendo destruído seis acampamentos, abatido dois elementos, ferido três e capturado dois. Regressaram ao Luso de comboio no dia oito de Maio.

 

    Nas duas últimas operações realizadas pela companhia na ZML, denominadas Rastilho 309/E e Rastilho 10E/H, não foram registados quaisquer contactos com o inimigo.

    A operação Rastilho 309E/H realizada na zona de Cangumbe, teve início no dia 21 e terminou no dia 24 de Maio.

    A operação Rastilho 10E/H realizada na zona de Luso-Chicala, teve início no dia oito e terminou no dia dez de Junho.

 

   

    A operação MOF E/H- 1 realizou-se na zona de Cangumbe entre os dias treze e quinze de Junho.